sábado, 20 de agosto de 2011

Árvore 'nonsense' da Vida

O filme "Arvore da Vida" de Terrence Malick,  vencedor da Palma de Ouro em Cannes, é uma obra imensa, que testa cada uma das mais fundas convicções e a paciência do espectador em encontrar um sentido em cenas lindas, e de altos e baixos da 'verborragia de imagens'- se assim pode se chamar- e situações simbólicas.
Acompanha-se a formação da consciência de um menino (Hunter McCracken) numa família dos anos 1950. Ele é criado entre um pai severo (Brad Pitt), que por amor lhe impõe a lei natural do mais forte, e por uma mãe (Jessica Chastain), que por amor lhe ensina bondades e belezas de fundo religioso. Essas duas forças - natureza e graça - são igualmente golpeadas, sem distinção, pela morte precoce de um de seus irmãos.
Enquanto uma personalidade se cria, Malick recorda outras questões, a consciência humana sobre o universo e seu papel nele, até o momento em que ambas as evoluções - a do menino e a do planeta - se confundem numa só. 

O menino se tornará Sean Penn, num mundo corporativo, instalado em arquiteturas arrojadas(ponto alto no filme , no meu entender,...), e a sensação que se tem é a de que a evolução não nos tirou do caos. Sai-se do Big Bang para chegar à depressão - e ainda vive-se o peso de ser a espécie condenada a indagar se Deus é o criador ou se é só uma alegoria gasta, que a ciência ainda há de negar por completo. 
Ao justapor o criacionismo do livro de Jó (38:4,7) a imagens darwinistas, Malick propõe que o curso da evolução do Universo prossegue no interior do homem. O menino é a evolução de sua família; é quem deve equacionar as lições impostas e pavimentar seu futuro. A evolução da humanidade depende dessas decisões pessoais, surgidas do confronto entre a natureza, que nos quer animais, e a graça, que nos inspira a ser bons. Um combate desigual, mas inesgotável, cheio de belas perguntas. 
Como é artista, Malick não oferece uma resposta categórica; sua visão ambiciosa é um sumário das belezas sacras (na música que seleciona e nas imagens de epifanias e redenções) e das científicas (exatas, biológicas e até humanas). Uma cena de uma máscara submersa e animais pré históricos são incompreensíveis e desnecessárias, no meu entender...
Sob o denominador comum de Malick, a ciência objetiva explicar os "métodos de Deus", enquanto a espiritualidade oferece paz e paciência diante do ainda não esclarecido e incentiva a minimizar as injustiças naturais. Juntas, contribuem para o mesmo fim utópico: decifrar a nós mesmos, o como e os porquês,...praticamente impossível e aleatório,...

Como me referi no início, um filme imenso de imagens, com uma temática excelente, mas que poderia ter uma leitura muito menos hermética e mais interessante,...

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