quarta-feira, 31 de agosto de 2011

O La Mole dá água na boca

A dica do site Tô com Fome é o restaurante La Mole,  e me aguçou  o paladar pois no meu imaginário gastronômico quando vou ao Rio o La Mole ficou como um dos lugares, que provei um dos melhores pratos,  um delicioso Arroz á Piamontesa acompanhado de um filé, que sempre tentei fazer para chegar ao sabor que degustei na época em que comi pela primeira vez,...muito bom mesmo.
Com um extenso cardápio, a história do La Mole começou em abril de 1958, quando o italiano Domenico Magliano fundou a pequena Sorveteria e Pizzaria La Mole, na Rua Dias Ferreira, no Leblon. O nome da casa foi uma homenagem à torre Mole Antonelliana, localizada em Turim, na Itália, cidade natal do fundador.
 O restaurante foi se expandindo e diversificando sua cozinha, introduzindo novos conceitos na gastronomia carioca, como o famoso couvert e o meu preferido o Medalhão à  Piamontesa, que me referi acima. 
Com público extremamente fiel, o restaurante do Leblon é o começo da "cultura" La Mole como tradição carioca. Em 1974, o La Mole chegou à Barra, onde fui nesta primeira vez - bairro ainda pouco explorado na época - e, desde então, não parou de crescer e parecem que descobriram a fórmula da longevidade. E não é tão difícil, não?...bom, bonito e barato,...


E aí vai uma receita do arroz a Piamontese, que é muito bom e pode acompanhar várias carnes, além do filé,...

Arroz à Piamontese



ingredientes


  • 3 xícaras de arroz cru
  • 3 litros de caldo de carne
  • 1 lata de championg
  • 2 copos de vinho branco seco
  • 1 cebola grande batidinha
  • 2 dentes de alho socados
  • 200g de manteiga
  • queijo parmesão
  • 1 lata de creme de leite fresco
  • sal
  • pimenta do reino branca
  • 250g de mussarela

modo de preparo


Doure a cebola e o alho com 100g da manteiga. Junte o arroz cru sem lavar, refogue bem e acrescente o vinho e a água do championg. Tampe e deixe ferver em fogo brando até evaporar o líquido. Feito isso, adicione o caldo de carne até cobrir o arroz. Tempere com sal e pimenta e deixe cozinhar normalmente.
Após 10 minutos de cozimento, junte o champignon  cortado em lâmina, acrescente o caldo de carne e mexa até que o arroz cozinhe "al dente" e fique bem ligado. Isto pronto, adicione o resto da manteiga, o creme de leite, boa porção de queijo ralado e a mussarela picada. Torne a provar o sal e misture rapidamente. Retire do forno e sirva em seguida.


terça-feira, 30 de agosto de 2011

Não dá para imaginar!!!

Sempre nos impressiona quando reunimos o que comemos em uma semana e analisamos a qualidade e o quanto gastamos para nos alimentar,...comer faz parte de nossa sobrevivência e que não podemos dispensar, e se pararmos para pensar podemos melhorar e otimizar nossas refeições, sem dúvida!!,...
As nove famílias abaixo em diversas partes do mundo abriram suas 'dispensas' e puderam ter uma idéia do que consumiam, e o custo benefício é inacreditável, considerando o n.o de pessoas por $ gasto.
Acredito que no Brasil não estejamos muito longe da Alemanha ou Estados Unidos, e é de ficar com vergonha com os últimos desta escala de alimentação,... US1,23 pouco mais de R$ 2,00 por semana uma família do campo de refugiados de Breidjing,...não dá para imaginar!!!
1 - Alemanha: Família Melander de Bargteheide.
Despesa com alimentação em 1 semana: 375.39 Euros / $500.07 dólares
 
2 - Estados Unidos da América: Família Revis da Carolina do Norte
Despesa com alimentação em 1 semana: $341.98 dolares
3 - Italia: Família Manzo da Secília
Despesa com alimentação em 1 semana: 214.36 Euros /  $260.11 dolares

4 - México: Família Casales de Cuernavaca
Despesa com alimentação em 1 semana: 1,862.78 Pesos / $189.09 dólares

5 - Polónia: Família Sobczynscy de Konstancin-Jeziorna
Despesa com alimentação em 1 semana: 582.48 Zlotys / $151.27 dólares
6 - Egito: Família Ahmed  do Cairo
Despesa com alimentação em 1 semana: 387.85 Egyptian Pounds / $68.53 dólares
7 - Equador: Família Ayme de Tingo
Despesa com alimentação em 1 semana: $31.55 dólares
8 - Butão: Família Namgay da vila de Shingkhey
Despesa com alimentação em 1 semana: 224.93 ngultrum / $5.03 dólares
9 - Chade: Família Aboubakar do campo de refugiados de Breidjing
Despesa com alimentação por semana: 685 Francos / $1.23 dólares

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Oscar Niemeyer e as Igrejas


Na terça-feira passada Oscar Niemeyer lançou no Rio o livro "As Igrejas de Oscar Niemeyer".
O nosso arquiteto maior, que com seu inconfundível traço é o ícone da Arquitetura Brasileira, e a transformou em referência Mundial,...apesar de se dizer ateu e comunista convicto, o arquiteto, que completa 104 anos em dezembro, selecionou para o livro 16 obras religiosas, entre capelas e igrejas, que projetou ao longo de sua carreira.
Do alto de seus quase 104 anos e acompanhado da esposa Vera, o arquiteto posou para fotos e recebeu os presentes na galeria Anna Maria Niemeyer, no shopping da Gávea, zona sul do Rio.
"Eu senti que deveria dar uma explicação, por que sou comunista e estou fazendo tantas igrejas. Mas nasci em uma família muito religiosa. Meu avô era religioso. Na casa em que eu morei tinha cinco janelas, uma delas transformada em oratório pela minha avó. Tinha missa lá em casa. É uma coisa muito natural", explica Niemeyer.
Modesto falou que : -"Dei minha pequena colaboração", resumiu, ao comentar a vida centenária.
Vale conferir alguns trechos da entrevista exclusiva que o carioca concedeu ao jornal Valor Econômico:
Valor: Nunca cogitou a possibilidade de acreditar em Deus?
Oscar Niemeyer: Eu defini essa minha posição em relação à religião desde muito cedo, apesar das minhas origens familiares católicas. Na introdução que escrevi para o livro “As Igrejas de Oscar Niemeyer”, procurei lembrar que na casa dos meus avós maternos em Laranjeiras minha avó organizava missas todos os domingos, a que muita gente assistia. Eram pessoas de muito boa índole, solidárias e generosas, acima de tudo tementes a Deus.
Valor: Qual a diferença entre projetar uma igreja e outros tipos de construções? O fato de a igreja ser um lugar sagrado para seus frequentadores interfere no modo como o sr. idealiza o projeto?
Niemeyer: Sempre apreciei esse tema, procurando responder, com a minha fantasia de arquiteto, a tal identificação que muitos fazem desses templos religiosos como lugares do sagrado. Isso tudo sem que eu tenha alguma crença dessa ordem.
Valor: O Brasil está preparado para receber uma Copa do Mundo e uma Olimpíada?
Niemeyer: Acho que sim. É bem verdade que caberá a nossos dirigentes políticos assegurar as condições de realização dos grandes eventos desportivos a terem lugar.
Valor: O sr. pensa em aposentadoria? O que o motiva a continuar trabalhando?
Niemeyer: Que é isso? A arquitetura ainda me convoca, com toda a força, e permanece este meu entusiasmo em prosseguir, realizando esta arquitetura diferente, tão pessoal, que tenho defendido desde o projeto da igrejinha de São Francisco de Assis na Pampulha. Projeto que, aliás, se encontra bem destacado no meu novo livro sobre as igrejas.

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

O legado de Puccini


Nascido em uma familia de músicos, Giacomo Antonio Michele Secondo Maria Puccini Giacomo Puccini , um mestre da música, e um deus na sua aldeia em Torre del Lago, uma cidade no norte da Itália, no Lago Massaciuccoli. 
Após seu primeiro sucesso com Le Villi no Teatro dal Verme, em Milão, 31 de maio de 1884, sua carreira toma o rumo do sucesso, tendo 25 anos e com a aura e glória dos jovens, desfila como um dandy da 'bélle époque'.
A bela Elvira Geminiani,  casada e com dois filhos, torna-se sua aluna de piano. 
O Isotta Fraschini comprou em 1909 traz Elvira, sua esposa (à esquerda no banco) e Antonio, seu filho na casa em Torre del Lago.O escândalo na época logo vem a tona,...Puccini torna-se amante da bela Elvira, e ela abondona o marido por ele,...1886 na Itália!... 
Puccini compra uma pequena vila em Torre del Lago, e logo depois Elvira dá à luz a um filho que sela a união de dois amantes. 
Talentoso, ele compõe uma nova ópera, Manon Lescaut, com um grande sucesso,  e aparece como o herdeiro de Verdi.
Esposa de Puccini.  Créditos das fotos: Oeffigie / Leemage Akg-imagens.
ElviraGemiani foto de Oeffigie / Leemage Akg-imagens.
La Bohème de Puccini foi criada em fevereiro de 1896 em Turim, e sob a direção de um jovem maestro Arturo Toscanini, apresentada ao público, Puccini foi saudado por seus amigos do Bohemian Club, que  organizam para ele uma festa a fantasia onde Puccini, fantasiado como um imperador romano, é carregado em triunfo!...a partir este momento torna-se mundialmente conhecido.


 Doria Manfredi, uma jovem que vai trabalhar na casa e por quem Giacomo se apaixona -um amor platônico- é a personagem que inspira Liu, encarnando o amor absoluto em  Turandot, uma ópera cuja originalidade é contrastar duas figuras femininas, a terrível Princesa Turandot, em sua frigidez neurótica, e a escrava no amor, Liu, que é a apoteose do mais puro amor,...em casa, Elvira, tomada por ciúmes supostamente envenena a jovem Doria, e depois de um processo e um vultoso pagamento à família da jovem, as acusações são retiradas,...dramático como uma ópera de Puccini,...
Puccini começa apaixonadamente esta composição  mas progredindo com dificuldade, e já doente em 1924, voltou a trabalhar em seu Turandot, e em sua cama, e terminou a última página orquestrando a morte de Liu.
A execução da ópera no La Scala de Milão, 25 de abril de 1926, por Toscanini, levanta o bastão depois da morte de Liu e voltando-se para o público, disse simplesmente: "Aqui termina a ópera do Maestro",...um grande silêncio se faz na sala, enquanto eles abaixam a cortina lentamente. De repente, alguém gritou "Viva Puccini",... os aplausos irromperam,...morre este mestre da música deixando um imenso legado,...

sábado, 20 de agosto de 2011

Árvore 'nonsense' da Vida

O filme "Arvore da Vida" de Terrence Malick,  vencedor da Palma de Ouro em Cannes, é uma obra imensa, que testa cada uma das mais fundas convicções e a paciência do espectador em encontrar um sentido em cenas lindas, e de altos e baixos da 'verborragia de imagens'- se assim pode se chamar- e situações simbólicas.
Acompanha-se a formação da consciência de um menino (Hunter McCracken) numa família dos anos 1950. Ele é criado entre um pai severo (Brad Pitt), que por amor lhe impõe a lei natural do mais forte, e por uma mãe (Jessica Chastain), que por amor lhe ensina bondades e belezas de fundo religioso. Essas duas forças - natureza e graça - são igualmente golpeadas, sem distinção, pela morte precoce de um de seus irmãos.
Enquanto uma personalidade se cria, Malick recorda outras questões, a consciência humana sobre o universo e seu papel nele, até o momento em que ambas as evoluções - a do menino e a do planeta - se confundem numa só. 

O menino se tornará Sean Penn, num mundo corporativo, instalado em arquiteturas arrojadas(ponto alto no filme , no meu entender,...), e a sensação que se tem é a de que a evolução não nos tirou do caos. Sai-se do Big Bang para chegar à depressão - e ainda vive-se o peso de ser a espécie condenada a indagar se Deus é o criador ou se é só uma alegoria gasta, que a ciência ainda há de negar por completo. 
Ao justapor o criacionismo do livro de Jó (38:4,7) a imagens darwinistas, Malick propõe que o curso da evolução do Universo prossegue no interior do homem. O menino é a evolução de sua família; é quem deve equacionar as lições impostas e pavimentar seu futuro. A evolução da humanidade depende dessas decisões pessoais, surgidas do confronto entre a natureza, que nos quer animais, e a graça, que nos inspira a ser bons. Um combate desigual, mas inesgotável, cheio de belas perguntas. 
Como é artista, Malick não oferece uma resposta categórica; sua visão ambiciosa é um sumário das belezas sacras (na música que seleciona e nas imagens de epifanias e redenções) e das científicas (exatas, biológicas e até humanas). Uma cena de uma máscara submersa e animais pré históricos são incompreensíveis e desnecessárias, no meu entender...
Sob o denominador comum de Malick, a ciência objetiva explicar os "métodos de Deus", enquanto a espiritualidade oferece paz e paciência diante do ainda não esclarecido e incentiva a minimizar as injustiças naturais. Juntas, contribuem para o mesmo fim utópico: decifrar a nós mesmos, o como e os porquês,...praticamente impossível e aleatório,...

Como me referi no início, um filme imenso de imagens, com uma temática excelente, mas que poderia ter uma leitura muito menos hermética e mais interessante,...

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

DESCARTÁVEL - Eduardo Galeano

Eduardo Galeano

Eduardo Galeano é um jornalista e escritor uruguaio com mais de quarenta livros editados, que já foram traduzidos em diversos idiomas. Suas obras transcendem gêneros ortodoxos, combinando ficção, jornalismo, análise política e história.


Este texto em forma de crônica em que faz uma crítica bem humorada pelo 'descartável' de nosso tempo, vale ler até o fim e trata de uma reflexão sobre o 'lixo' que produzimos que vão desde a fralda descartável as nossas relações efêmeras,...



"O que acontece comigo é que não consigo andar pelo mundo pegando coisas e trocando-as pelo modelo seguinte só por que alguém adicionou uma nova função ou a diminuiu um pouco…
Não faz muito, com minha mulher, lavávamos as fraldas dos filhos, pendurávamos na corda junto com outras roupinhas, passávamos, dobrávamos e as preparávamos para que voltassem a serem sujadas.  
E eles, nossos nenês, apenas cresceram e tiveram seus próprios filhos e se encarregaram de atirar tudo fora, incluindo as fraldas. Se entregaram, inescrupulosamente, às descartáveis!
Sim, já sei. À nossa geração sempre foi difícil jogar fora. Nem os defeituosos conseguíamos descartar! E, assim, andamos pelas ruas, guardando o muco no lenço de tecido, de bolso. 
Nããão! Eu não digo que isto era melhor. O que digo é que, em algum momento, me distraí, caí do mundo e, agora, não sei por onde se volta.  
O mais provável é que o de agora esteja bem, isto não discuto. O que acontece é que não consigo trocar os instrumentos musicais uma vez por ano, o celular a cada três meses ou o monitor do computador por todas as novidades. 
Guardo os copos descartáveis! Lavo as luvas de látex que eram para usar uma só vez.
Os talheres de plástico convivem com os de aço inoxidável na gaveta dos talheres! É que venho de um tempo em que as coisas eram compradas para toda a vida!
E mais! Se compravam para a vida dos que vinham depois! A gente herdava relógios de parede, jogos de copas, vasilhas e até bacias de louça. 
E acontece que em nosso, nem tão longo matrimônio, tivemos mais cozinhas do que as que haviam em todo o bairro em minha infância, e trocamos de refrigerador três vezes.  
Nos estão incomodando! Eu descobri! Fazem de propósito! Tudo se lasca, se gasta, se oxida, se quebra ou se consome em pouco tempo para que possamos trocar.
Nada se arruma. O obsoleto é de fábrica. 
Aonde estão os sapateiros fazendo meia-solas dos tênis Nike? Alguém viu algum colchoeiro encordoando colchões, casa por casa? Quem arruma as facas elétricas? o afiador ou o eletricista? Haverá teflon para os funileiros ou assentos de aviões para os talabarteiros?
Tudo se joga fora, tudo se descarta e, entretanto, produzimos mais e mais e mais lixo. Outro dia, li que se produziu mais lixo nos últimos 40 anos que em toda a história da humanidade. 
Quem tem menos de 30 anos não vai acreditar: quando eu era pequeno, pela minha casa não passava o caminhão que recolhe o lixo! Eu juro! E tenho menos de ... anos! Todos os descartáveis eram orgânicos e iam parar no galinheiro, aos patos ou aos coelhos (e não estou falando do século XVII). Não existia o plástico, nem o nylon. A borracha só víamos nas rodas dos autos e, as que não estavam rodando, as queimávamos na Festa de São João. Os poucos descartáveis que não eram comidos pelos animais, serviam de adubo ou se queimava.. 
Desse tempo venho eu.  E não que tenha sido melhor.... É que não é fácil para uma pobre pessoa, que educaram com "guarde e guarde que alguma vez pode servir para alguma coisa", mudar para o "compre e jogue fora que já vem um novo modelo". 
Troca-se de carro a cada 3 anos, no máximo, por que, caso contrário, és um pobretão. Ainda que o carro que tenhas esteja em bom estado... E precisamos viver endividados, eternamente, para pagar o novo!!! Mas... pelo amor de Deus! 
Minha cabeça não resiste tanto. Agora, meus parentes e os filhos de meus amigos não só trocam de celular uma vez por semana, como, além disto, trocam o número, o endereço eletrônico e, até, o endereço real. 
E a mim que me prepararam para viver com o mesmo número, a mesma mulher e o mesmo nome (e vá que era um nome para trocar). Me educaram para guardar tudo. Tuuuudo! O que servia e o que não servia. Por que, algum dia, as coisas poderiam voltar a servir.  
Acreditávamos em tudo. Sim, já sei, tivemos um grande problema: nunca nos explicaram que coisas poderiam servir e que coisas não. E no afã de guardar (por que éramos de acreditar), guardávamos até o umbigo de nosso primeiro filho, o dente do segundo, os cadernos do jardim de infância e não sei como não guardamos o primeiro cocô. 
Como querem que entenda a essa gente que se descarta de seu celular a poucos meses de o comprar? Será que quando as coisas são conseguidas tão facilmente, não se valorizam e se tornam descartáveis com a mesma facilidade com que foram conseguidas? 
Em casa tínhamos um móvel com quatro gavetas. A primeira gaveta era para as toalhas de mesa e os panos de prato, a segunda para os talheres e a terceira e a quarta para tudo o que não fosse toalha ou talheres. E guardávamos... 

Como guardávamos!! Tuuuudo!!! Guardávamos as tampinhas dos refrescos!! Como, para quê?  Fazíamos limpadores de calçadas, para colocar diante da porta para tirar o barro. Dobradas e enganchadas numa corda, se tornavam cortinas para os bares. Ao fim das aulas, lhes tirávamos a cortiça, as martelávamos e as pregávamos em uma tabuinha para fazer instrumentos para a festa de fim de ano da escola. 
Tuuudo guardávamos! Enquanto o mundo espremia o cérebro para inventar acendedores descartáveis ao término de seu tempo, inventávamos a recarga para acendedores descartáveis. E as Gillette até partidas ao meio se transformavam em apontadores por todo o tempo escolar. E nossas gavetas guardavam as chavezinhas das latas de sardinhas ou de corned-beef, na possibilidade de que alguma lata viesse sem sua chave. 
E as pilhas! As pilhas das primeiras Spica passavam do congelador ao telhado da casa. Por que não sabíamos bem se se devia dar calor ou frio para que durassem um pouco mais. Não nos resignávamos que terminasse sua vida útil, não podíamos acreditar que algo vivesse menos que um jasmim. As coisas não eram descartáveis. Eram guardáveis. 
Os jornais!!! Serviam para tudo: para servir de forro para as botas de borracha, para por no piso nos dias de chuva e por sobre todas as coisas para enrolar. 
Às vezes sabíamos alguma notícia lendo o jornal tirado de um pedaço de carne!!! E guardávamos o papel de alumínio dos chocolates e dos cigarros para fazer guias de enfeites de natal, e as páginas dos almanaques para fazer quadros, e os conta-gotas dos remédios para algum medicamento que não o trouxesse, e os fósforos usados por que podíamos acender uma boca de fogão (Volcán era a marca de um fogão que funcionava com gás de querosene) desde outra que estivesse acesa, e as caixas de sapatos se transformavam nos primeiros álbuns de fotos e os baralhos se reutilizavam, mesmo que faltasse alguma carta, com a inscrição a mão em um valete de espada que dizia "esta é um 4 de paus". 
As gavetas guardavam pedaços esquerdos de prendedores de roupa e o ganchinho de metal. Ao tempo esperavam somente pedaços direitos que esperavam a sua outra metade, para voltar outra vez a ser um prendedor completo. 
Eu sei o que nos acontecia: nos custava muito declarar a morte de nossos objetos. Assim como hoje as novas gerações decidem matá-los tão-logo aparentem deixar de ser úteis, aqueles tempos eram de não se declarar nada morto: nem a Walt Disney!!! 
E quando nos venderam sorvetes em copinhos, cuja tampa se convertia em base, e nos disseram: Comam o sorvete e depois joguem o copinho fora, nós dizíamos que sim, mas, imagina que a tirávamos fora!!! As colocávamos a viver na estante dos copos e das taças. As latas de ervilhas e de pêssegos se transformavam em vasos e até telefones. As primeiras garrafas de plástico se transformaram em enfeites de duvidosa beleza. As caixas de ovos se converteram em depósitos de aquarelas, as tampas de garrafões em cinzeiros, as primeiras latas de cerveja em porta-lápis e as cortiças esperaram encontrar-se com uma garrafa.  

E me mordo para não fazer um paralelo entre os valores que se descartam e os que preservávamos. Ah!!! Não vou fazer!!! 
Morro por dizer que hoje não só os eletrodomésticos são descartáveis; também o matrimônio e até a amizade são descartáveis. Mas não cometerei a imprudência de comparar objetos com pessoas. 
Me mordo para não falar da identidade que se vai perdendo, da memória coletiva que se vai descartando, do passado efêmero. Não vou fazer. 
Não vou misturar os temas, não vou dizer que ao eterno tornaram caduco e ao caduco fizeram eterno. 
Não vou dizer que aos velhos se declara a morte apenas começam a falhar em suas funções, que aos cônjuges se trocam por modelos mais novos, que as pessoas a que lhes falta alguma função se discrimina o que se valoriza aos mais bonitos, com brilhos, com brilhantina no cabelo e glamour.  
Esta só é uma crônica que fala de fraldas e de celulares. Do contrário, se misturariam as coisas, teria que pensar seriamente em entregar à bruxa, como parte do pagamento de uma senhora com menos quilômetros e alguma função nova. Mas, como sou lento para transitar este mundo da reposição e corro o risco de que a bruxa me ganhe a mão e seja eu o entregue..."  
Eduardo Galeano
* Jornalista e escritor uruguaio

domingo, 14 de agosto de 2011

Diesel Island Constitution

Super criativa e bem humorada a campanha ‘Diesel Island: Land of the Stupid & Home of the Brave’ da Diesel, descoladíssima marca de roupas, acessórios italiana,...
a Santo de Londres criou um filme sobre a redação da Constituição da Ilha Diesel em um 'reclame' que é um número musical e estabelece as leis da ilha e compartilha algumas palavras de sabedoria. 
A produção é da Landia Buenos Aires com direção de Agustin Alberdi.
Vale a pena abrir e dar uma olhada e também entrar no site da marca que é bem bacana.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Blade Runner, 1982

Blade Runner de Ridley Scott, um dos melhores filmes da história do cinema, na minha opinião, continua atual e impactante como quando foi lançado em 1982, no século passado,...inspirado nos filmes 'noir', a história de replicantes, pessoas criadas em laboratório, faz uma crítica profunda na evolução de nossa sociedade tecnológica,...ambientado nas Los Angeles do ano de 2019, fala sobre a caça destes seres denominados replicantes que se revoltam,...
Com uma trilha sonora antológica de VANGELIS, Harrison Ford e Sean Young, respectivamente Deckard e  Rachel, sob o som de Love Theme protagonizam uma das cenas mais belas e poderosas cenas de amor do cinema,...
Culmina com a cena de ROY, Rutger Hauer, em um diálogo emocionado em lágrimas sob a chuva ácida constante da cidade poluída,...a genialidade da cena fala por si,... 

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Laranja Mecânica 1971


Laranja Mecânica 1971
Emblemático filme e um clássico do cinema, um dos mais importantes de Stanley Kubrik.
Esta e outras imagens de momentos do cinema aparecem no site  http://iwdrm.tumblr.com/
abram e vejam 

domingo, 7 de agosto de 2011

Risoto de Bacalhau 7x7

Bom!!...resolvi enfrentar um bacalhau,...comprei um pedaço e passei alguns dias olhando para ele até decidir o que faria,...
o primeiro passo foi como dessalgar e uma amiga me deu dicas fundamentais que com facilidade cumpri o primeiro passo: 
Colocar o pedaço de bacalhau em um recipiente de maneira que não tocasse o fundo e coberto com água gelada e durante um dia (24h) no mínimo dentro do refrigerador,...funcionou perfeito!
A minha moda, pois gosto de dar uma inventada, resolvi fazer um risoto usando arroz 7grãos e 7cereais,...tudo pensado para dar o efeito de um prato da cozinha portuguesa.
Desfiei o bacalhau e com as sobras fiz um caldo para cozinhar o mix de arroz. Perfeito!!...
Feito isso coloquei duas grandes cebolas cortadas para refogar em bastante azeite de oliva junto com as azeitonas, e quando estavam começando a brilhar e ficar transparentes acrescentei aos poucos o mix de arroz pré-cozido e o bacalhau, junto com o desfiado,...regando sempre com muito azeite de oliva(foi uma garrafa inteira de 500ml.
Acrescentei  tomatinhos cereja, e no final ovo cozido cortados em rodelas,...
ficou com um jeito de cozinha portuguesa de cara nova,...deu certo e o povo gostou!!...mas na próxima a posta de bacalhau tem que ser maior.

sábado, 6 de agosto de 2011

Antes do LED e depois do LED

O LED, diodos emissores de luz, traz além vantagens de durabilidade, economia e fonte de energia limpa, uma revolução na nossa maneira de ver a iluminação, e cada vez mais torna-se o centro de interesse para quem quer uma mudança na tecnologia da iluminação,...
Antes do LED e depois do LED,...sem dúvida os próximos anos esta nova fonte de energia de luz substituirá todos os pontos de luz que iluminam nosso dia a dia, ou noite a noite como julgarem melhor,...
Uma exposição temática da Toshiba, Tempo Luogo Luce ,localizada na Zona Tortona, Cortile di Via Avona, em Milão, em um edifício único construído no século XIX, fez desta fonte de energia uma obra de arte,... a iluminação do edifício foi cuidadosamente estudada, com a instalação de exposições em três espaços distintos : a entrada, o pátio e o espaço interior principal,...
 Na entrada , um túnel branco puro em contraste às ruínas estruturais deste edifício histórico é o "acesso" para a instalação, uma linha única luz que se estende ao longo do teto é refletido no fluxo de água no chão ainda para se tornar uma outra linha de luz . No pátio , onde ondulações constantes criadas na superfície da água, são iluminados pelo sol durante o dia e por LED durante a noite,  e são então refletida em uma parede única que sobreviveu ao longo do século. O corpo, balançando cintilante de água impregna a parede restante com momentos de luz.


No espaço interior principal , uma sala escura cria efeitos magníficos e imponentes com pulsos inumeráveis de LED criando sentimentos, humor e efeitos difíceis de descrever naquele tempo e naquele lugar,... um espaço fantástico, onde várias camadas de cortinas de água são transformadas por efeito de luzes de LED.                                                                                          A instalação explora as possibilidades de LED na transmissão de ressonância emocional. Realizado através da colaboração de uma equipe internacional e conceitos de aproveitamento múltiplo, a instalação explora e demonstra como as novas tecnologias criam novo valor, e de como esta nova fonte de iluminação, o LED,  permite ainda que o design luminotécnico seja mais fator de diferenciação e modernidade no uso de novas energias e tecnologias,...as fotos oferecem um pouco das sensações desta fonte de luz, o LED,...

terça-feira, 2 de agosto de 2011

PUXADINHO COOL

Construída em 1880, esta casa de tres andares  no topo de uma colina, com vista para Eureka Valley, em São Francisco na Califórnia,  ao longo dos anos foram feitas várias reformas ou 'puxadinhos' mudando a fisionomia da casa original,... projetos desorganizados e mal executados.
A transformação desta casa com linhas vitorianas tornou-se incrivelmente moderna e nostálgica, numa eclética mistura de estilos e uma dose saudável de estratégias de construção sustentável, incluindo materiais recuperados, um telhado verde interessante, e uma incrível dossel solar fotovoltaica . A renovação do duplex de 3 andares foi realizado pela Craig Arquitetura Steely , e inclui uma terraço do estúdio de desenho no telhado com vistas espetaculares sobre a baía e a cidade.
Embora Steely tenha recomendado a seus clientes que seria muito mais barato começar do zero, os proprietários insistiram em uma renovação para manter a integridade da história. 
Esta atitude, considerada "green", na visão de reaproveitamento de materiais e revisão de espaços obteve um resultado final  excelente,...
Além de remodelação do interior e se livrar da bagunça e da deterioração, a casa teve que ser atualizado para condições sísmicas, problema eminente da região,...

A solução para isso foi a construção de um exoesqueleto de aço ao redor da casa para escorar a estrutura. Esse acréscimo é em grande parte o que dá a casa uma estética moderna com os grandes vãos de janelas abertos. 
Os painéis de dentro da casa foram recuperados pelo proprietário e meticulosamente 'refinished' para uso como revestimento no exterior e pode-se ver isso como quadros brancos, e uma fachada verde neon brilhante em relação original vitoriana,...
O resultado é fantástico,...