sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

CHINA e o Mercado de olhos bem fechados


Não é preciso acrescentar mais nada ao excelente artigo de Paulo Vellinho na Zero Hora de17/02,...
acordaram o gigante e cada palavra do texto é real e os reflexos já são sentidos no Brasil,...como exemplo citamos a Cia Industrial Schlosser, fundada em 1911 e que fecha as portas este ano,...
atrás dela muitas outras virão, só falando nas tecelagens nacionais.

Somando a isso este mercado avassalador emergente foi criado em cima de mão de obra praticamente escrava  e estamos no século XXI.
O texto na sua íntegra não tem como não ler e tentar abrir os olhos,....
O mundo fecha os olhos!!...




Um tiro no pé do mundo ocidental, por Paulo Vellinho*

Após 30 anos desde a Grande Marcha, eis que a sociedade chinesa exigiu liberdade de oportunidades: cansou de ser nivelada pela pobreza. O Dragão voltou à plena carga, pois a sociedade chinesa reunia as condições necessárias: saúde, educação e tecnologia, sem considerar os demais atributos estruturantes e decorrentes de seus 5 mil anos de cultura. Em consequência, a abertura da economia aconteceu, e o mundo aplaudiu sem questionar o país que continuava comunista, ditatorial e marcado pela inexistência de liberdades e de respeito aos mais elementares direitos humanos; enquanto isso, o capitalismo sem pátria, defensor da globalização, não teve nenhuma preocupação com o regime político lá existente, mas aplaudiu o que estava acontecendo, pois visualizou um novo contexto para lucrar.

Capital, tecnologia e mercados foram colocados nas mãos dos chineses sem muitos questionamentos, pois a oportunidade de realização de lucros fabulosos obscurecia qualquer variável capaz de perturbar o objetivo dos investidores.

Fábricas explodiam na nova China... enquanto no mundo ocidental eram sucateadas e, como consequência, desempregaram-se seres humanos. O mundo começou a desindustrializar-se, a começar pelos manufaturados mais simples até os mais sofisticados, quando alguns empresários industriais, para poder sobreviver, humilharam-se ao ponto de comprar da China cópias idênticas de seus produtos que vinham e vêm de lá gravados com sua própria marca.

As commodities tiveram seus preços explodidos, desequilibrando as economias do mundo. A inflação de demanda reapareceu com a inserção no mercado de consumo não só de 300 milhões de chineses como também dos países emergentes. Imagine-se o que irá acontecer quando populações não só da Ásia, como do Leste Europeu, da África e da América Latina, ingressarem nos mercados, com suas aspirações legítimas de conforto e bem-estar. Lembramos que a arma mais poderosa criada pelo homem no século 20 foi a comunicação instantânea, a qual legitimou estas aspirações. E a China continua surpreendendo o mundo, modernizando-se em ritmo acelerado: pesquisa, desenvolvimento, tecnologia, infraestrutura e produção. E enquanto o Dragão continua sua façanha avassaladora e surpreendente, os países ricos e até os emergentes que assistem placidamente à destruição de sua indústria, marginalizada até o ponto de que o Estado chinês está se globalizando, pois suas empresas estatais (leia-se o Estado chinês) começam a ocupar espaço no exterior adquirindo terras com reservas minerais e indústrias, sem que lhes perguntem quais são as regras que definirão suas políticas de exportação, como por exemplo a de preços e agregação de valor à produção primária.

É como diz Dr. Luciano Pires: “Essa é a armadilha chinesa, que não é uma estratégia comercial, mas sim de poder. Empresas ocidentais lucram muito comprando dos chineses por centavos e vendendo por centenas... E assim os chineses ficarão com a produção, estabelecendo as regras do mercado, quando então o Ocidente perceberá que se tornou refém do Dragão que ele mesmo alimentou e que a partir de um certo momento ditará as regras de mercado, pois quem manda é ele, pois tem fábricas, matérias-primas e empregos... total inversão do jogo com o impacto de uma bomba atômica chinesa”. Nesse dia, as lideranças sem pátria se darão conta de que o preço do seu enriquecimento custou a destruição dos parques industriais do Ocidente, e com ela o desemprego, e que eles, na sua visão de curto prazo, especulativa e irresponsável, ajudaram substantivamente a cavar sua sepultura. Tudo isto em nome da livre economia que tudo quer e tudo pode. E o resultado é que se darão conta de que “deram um tiro no pé do mundo ocidental.”

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